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BRUNO MICHEL FERRAZ MARGONI
( São Paulo – Brasil )
Michel F. M. – Poeta, escritor, compositor, filósofo e educador.
Graduado em Comunicação Social, Educação Física e Filosofia.
Especialista em Psicologia aplicada à Educação Física e Desporto e Metodologia do Ensino de Arte.
Membro do acervo de Literatura Lusófona da Biblioteca Nacional da França/BNF.
Professor titular de Cargo efetivo na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Aprovado no concurso de Mestrado Profissional em Educação Física da UNESP 2021.
Autor de 21 livros publicados.
NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p. ISBN 978-65-994-783-7-6-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
BREVILÍNEA ODISSEIA MONUMENTAL
a vida é o que acontece,
enquanto a gente de desentende.
passo por ela imponente,
eu inquilino, ela hospedeira,
me observa sutil, detalhista.
usufruí,
me esbaldei quando passava:
desfrutei,
ou ao menos apreciei enquanto pulsava.
atrevo-me às marchas
caudalosas, repletas dos dilemas;
Me vou numa questão de tempos,
Não restam pios ou arrependimentos,
Só deixo impressões e poemas.
assim seguimos itinerantes
nesta trilha imprevista:
ela, bailarina,
eu, malabarista.
FADÁRIO SUTIL DA GROSSERIA AGUDA
Nos enfrentamentos do pedante inveterado,
Sustenta-se apenas um único desejo,
Inundar o mundo de poesia,
Num dilúvio de versos catatônicos.
Que toda mediocridade débil,
Intolerância senil,
Decrépita miséria psicológica e atitudinal,
Seja delicadamente trucidada,
Varrida pela torrente das estrofes.
Repetida realidade reflexa.
O “novo” e o “novamente” se fundem,
Se confundem, se desfazem,
São recursos, gastos, obsoletos, renováveis.
Tudo acontece com tamanha frequência,
Que somos tomados pela indiferença.
Talvez tenha chegado o momento, de se importar.
Nada de sublime nos homens.
A digna elevação humana,
Benévola e sacra,
Só pode ser localizada em algumas mulheres
(Mães, vez por outra).
Todos podem agregar algo a este mundo,
Mas não espere que o façam.
A grande maioria das pessoas,
Chegou a partir sem motivos
Continuará chegando e partindo sem motivos
E pouquíssimos terão algo a acrescentar.
Que abandonemos os ensaios,
Que tudo se resuma a estreias.
Apenas outro fragmento,
Desse todo confuso,
Profuso e sedento.
Traz alívio, conforto, alento.
E ainda que tímido,
Voraz.
(como é bom versar,
com alguém que entende de verso).
Nas Aguadas Aventuras do Homem Mexilhão,
O Peso do Mundo sobre a Tróclea do Tálus,
É reduzida, graças ao empuxo.
Ele aconteceu por acaso,
Deu a mínima pra nada
E partiu sem querer.
A Arte é um apetrecho mordedor,
Desejando mastigar todas as Gominhas do bairro.
Imponente e rijo, invertebrado, maleável,
Limpo ou sujo, pomposo, eretificado;
Nunca digerindo refeições,
Insatisfeito consigo,
Sempre cuspindo em ninguém.
O simplório não nos pertence.
Não me nutri de meias tigelas,
Não somos proferidores de meias palavras.
Me coloco em pleno corpo;
Nosso corpóreo verso, sorve; composto,
Pretenso, denso e condensado.
Osteoblastos e Osteoclastos,
Laborando por entre as Lacunas de Howship.
Não me oponho ao que sou,
Quando escrevo me imponho,
Sou o que há de pior em mim,,
Somos o que de vil em nós.
Reconhecendo que não há condição outra,
A não ser o excesso e a exceção de sermos melhores.
Talvez tenha chegado, de fato, o momento,
Para se importar.
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Página publicada em dezembro de 2021
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